
O livro Estação Carandiru, publicado em 1999, é resultado da experiência do próprio autor, Dr. Draúzio Varella, no maior presídio do país. A convivência com os presidiários e funcionários do presídio teve início quando foi desenvolvido o seu trabalho voluntário de prevenção à AIDS. Esta convivência proporcionou o conteúdo do livro, onde o autor descreve desde a divisão física da Casa de Detenção, os pavilhões, até a sociedade carcerária e relatos de detentos e funcionários.
Dráuzio Varella, num movimento simples e "clínico", escreve um livro onde a simplicidade de suas habilidades literárias funcionam para realçar um aspecto central em sua escrita: o assumir-se testemunha estranha, o aceitar-se como contador de histórias alheias, aberto às suas narrativas, mas não íntimo. E embora a obra tenha sido escrita por um médico, e não por um detento, os personagens ali retratados falam com sua própria voz, ou, pelo menos, estão a ponto de apropriar-se da narração.
O nome do livro, Estação Carandiru, é uma referência à estação em que Dráuzio desembarcava para ir ao presídio, ressaltando a visão particular do autor. Apesar de ser definido como obra de ficção pelo autor, o livro permanece na lista dos mais vendidos, desde seu lançamento, na categoria “não-ficção”.
Dráuzio Varella reuniu cerca de sessenta pequenas histórias sobre a vida daqueles que cumpriam pena no Carandiru. Talvez sem ter noção exata da importância do que estava fazendo, Drauzio escreveu um livro fundamental, leitura obrigatória para quem quer conhecer o exato significado da marginalização social.
Varella usa recursos literários para descrever o ambiente da cadeia. A ênfase não é na violência, mas sim no cotidiano - como os presos arrumam suas celas, como se alimentam e se divertem, as relações amorosas que se formam dentro da cadeia, os dias de visita, o comportamento dos funcionários e dos policiais... Frases dos detentos, são espalhadas ao longo do livro, uma linguagem rica em gírias e malandragem que funciona como contraponto à prosa culta do médico.
O encarte de fotos, muitas feitas pelo próprio Varella, mostra um paralelo surpreendente com o autor João do Rio que utilizava técnicas narrativas da ficção em reportagens. O jornalista e o médico se concentram em temas como as tatuagens dos presos, que não mudaram tanto assim nos quase cem anos que separam as duas reportagens.
Estilo: Livros
Tamanho: 1.27 mb
Nº de páginas: 166
Formato: Rar / Pdf
Idioma: Português
0 comentários:
Postar um comentário